O uso da medula óssea como forma de tratamento oriunda de 1891, quando foi administrada por via oral no tratamento de leucemia por Brown-Sequard e D’Arsonaval. A partir de 1945, devido a grande incidência de casos novos de leucemia relacionadas as tragédias nucleares de New Mexico (EUA) e de Hiroshima (Japão), os estudos sobre o Transplante de Medula Óssea (TMO) foram impulsionados. A descrição e esclarecimento do sistema HLA em 1964 por Dausset permitiram que em 1972 Thomas e colaboradores realizassem, com sucesso, o primeiro TMO alogênico em um paciente portador de anemia aplástica grave.
O conceito básico deste tratamento é que a partir de um doador coletamos as células progenitoras (células tronco) capazes de reconstituir a medula óssea e infundimos no receptor (paciente) após preparo adequado com o chamado regime de condicionamento. O regime de condicionamento é constituído por altas doses de quimioterapia e/ou radioterapia, em combinações variadas dependendo da doença de base, e tem como objetivos:
- Efeito imunossupressor, permitindo que as células progenitoras se alojem na medula óssea sem serem destruídas pelo sistema imunológico do receptor;
- Efeito tumoricida, que em doenças oncológicas e onco-hematológicas levam a destruição de células tumorais.
Quais os tipos de transplante?
- Quanto ao doador:
Autogênico – quando o doador e o receptor são a mesma pessoa, ou seja, as “células mãe” do paciente são coletadas e conservadas, através de um processo conhecido com criopreservação (congelamento em temperaturas ultra-baixas), sendo re-infundidas no próprio paciente após o regime de condicionamento.
Alogênico – quando o doador e receptor são pessoas diferentes. O doador deve ser compatível (a partir da tipagem do antígeno de histocompatibilidade = HLA) ao receptor, podendo ser consangüíneo (geralmente irmãos) ou não consangüíneos (através de bancos de medula).
Singênico – quando o doador é irmão gêmeo univitelínico (geneticamente igual) ao receptor
- Quanto a fonte das células
Medula Óssea (coletada por punções nas cristas ilíacas em centro cirúrgico)
Sangue Periférico (coletadas por aférese após estimulação em banco de sangue)
Cordão Umbilical (coletadas na sala de parto após preparo adequado)
- Quanto a compatibilidade
Compatível (HLA classe I e II idênticos)
Semi-compatível (HLA diferem em 1 ou mais locus)
Como se coleta a medula óssea?
- Doador em decúbito ventral (de bruços) sob anestesia. Observa-se agulha de Jemishid sendo implantada na espinha ilíaca postero-superior. (osso da bacia). Posteriormente, conecta-se uma seringa à agulha e realiza-se a aspiração de 5 ml de medula óssea por punção, até retirada de volume adequado. (10 a 15 ml/kg de peso do receptor).
- A medula coletada é colocada em um becker contendo soro fisiológico e heparina (anticoagulante). Após o volume total ter sido coletado este produto é filtrado e passado para bolsas coletoras de hemocomponentes. Posteriormente as bolsas são encaminhadas para infusão no paciente (TMO alogênico) ou para congelamento (TMO autogênico).
- Outra forma de coletar-mos as células progenitoras é fazer com que elas sejam mobilizadas da medula óssea para o sangue periférico (através de fatores estimuladores), sendo posteriormente coletadas através de máquinas especiais de aferese.
- Outra opção para se obter células para o TMO é o sangue de cordão umbilical. O sangue do cordão umbilical é coletado e conservado sob congelamento, podendo ser utilizado como fonte de células para um futuro receptor.
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Quais as indicações do transplante de medula óssea ?
Doenças onco-hematológicas | leucoses agudas (LMA ou LLA)leucemia mielóide crônicasíndromes mielodisplásticaslinfomas ( Hodgkin e não Hodgkin)mieloma múltiplomieloesclerose aguda maligna |
Doenças imuno-hematológicas | anemia aplástica graveanemia de Fanconihemoglobinopatiasimunodeficiência combinada severasíndrome de Wiscott-Aldrich |
Doenças oncológicas | tumor de testículotumor de mamatumor de ovárioneuroblastomas outros tumores sólidos |