“Tratamos pessoas, e não exames, e buscamos saúde e não doença.”
Esse é o conceito que temos no momento em que somos solicitados para a realização do famoso “check-up”. Uma primeira avaliação através de uma boa anamnese é fundamental, pois na análise dos resultados de uma bateria de exames laboratoriais espera-se a existência de resultados falso-positivos, e não há caráter de diagnóstico definitivo quando tais exames são realizados. Os resultados falso-positivos são necessários para que os verdadeiramente positivos não deixem de ser detectados. Em outras palavras, caso algum de seus exames esteja alterado, isto apenas indica que você deve prosseguir para uma investigação mais profunda e específica que verificará a conduta a ser tomada. Por outro lado, um resultado negativo, ou dentro dos parâmetros da normalidade somente tem valor se você não tem sintomas relacionados.
Hemograma completo – Este exame define a composição celular do seu sangue. Há três categorias de células normais do sangue: as vermelhas (também camadas de glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos), as brancas (glóbulos brancos ou leucócitos) e as plaquetas. As células vermelhas são as transportadoras de oxigênio, as células brancas fazem parte do sistema imunológico de defesa do organismo, e as plaquetas estão envolvidas na coagulação do sangue.
A interpretação de todos os parâmetros de um hemograma é mais complexa do que alguém sem formação médica pode esperar, e muitas vezes o que orienta o diagnóstico médico é a composição entre mais de um destes parâmetros. No entanto, sem a pretensão de cobrir todas as possibilidades, segue-se uma explicação sobre cada um dos componentes deste exame.
Eritrograma.
A análise das células vermelhas é feita pelo eritrograma. A capacidade do sangue em transportar oxigênio de pende da massa total de hemoglobina carreada pelas hemácias, e a redução dessa massa é a anemia.
Leucograma.
A análise das células brancas é feita pelo leucograma. Há vários tipos celulares, refletindo a complexidade do sistema imunológico. Os valores normais são diferentes para homens e mulheres, mas normalmente há muito menos leucócitos que hemácias no sangue; os leucócitos são contados em milhares por milímetro cúbico enquanto as hemácias contam-se em milhões.
Plaquetas.
Células sem núcleo (como as hemácias) que fazem parte do sistema de coagulação do sangue. A coagulação é necessária para que não existam sangramentos excessivos. Coagulação excessiva, por outro lado, causa tromboses. A contagem normal de plaquetas indica a saúde de seu sistema de coagulação. Alterações no seu sistema de coagulação, que é essencial para o bom funcionamento do sistema circulatório, não devem ser negligenciadas.
Bioquímica do sangue – Este exame define a composição bioquímica do seu sangue (sais minerais, eletrólitos, proteínas, gorduras, substâncias a serem excretadas, …).
Lipidograma.
Dosa o colesterol total e suas frações (VLDL, LDL e HDL) e os triglicerídeos.
Colesterol existe em todas as células de nosso organismo, e é essencial para a manutenção das membranas celulares e certos hormônios. No entanto, todo o colesterol que necessitamos é fabricado pelo próprio organismo. Todo o colesterol que ingerimos na dieta é extra, e pode não ser saudável. No entanto, reduzir o excesso de colesterol é, em geral, possível com um estilo de vida saudável, com boa dieta e atividade física.
O colesterol é carregado no sangue por proteínas, formando conjugados chamados de lipoproteínas. LDL (low-density lipoprotein) e VLDL (very low-density lipoprotein) transportam o colesterol pelo corpo, e tendem a acumular-se nas artérias, endurecendo-as e estreitando-as. Por esse motivo, excesso de LDL e VLDL é prejudicial, aumentando o risco de doenças cardiovasculares.
HDL (high-density lipoprotein) transporta o excesso de colesterol para o fígado, onde este é metabolizado. Por este motivo, aumento de DL é protetor de sua saúde.
Quando ingerimos alimento, nosso organismo estoca o excesso na forma de gordura. Os triglicerídeos correspondem à gordura que circula em nosso sangue para, depois, serem estocados em nossos tecidos. Nos períodos de jejum, esta gordura pode ser mobilizada dos estoques, circular novamente e ser utilizada onde nos órgãos que necessitam de energia. Colesterol e triglicerídeos são tipos diferentes de gordura: o colesterol é parte da formação de nossas estruturas, enquanto os triglicerídeos nos fornecem energia, tendo por isso uma origem diferente (massas, açucares e álcool). Ambos são transportados no sangue por lipoproteínas e, por isso, excesso de colesterol e triglicerídeos costumam acompanhar-se.
Glicemia.
A medida de glicose circulante no sangue (glicemia) é parâmetro para identificação do diabetes. Em condições normais, a glicose aumenta após a ingestão de alimentos, e por isso o resultado é padronizado para a coleta do sangue após jejum de, no mínimo, 8 horas.
Bilirrubinas total e frações
Aspartato aminotransferase (AST / TGO)
Alanina aminotransferase (ALT / TGP)
Fosfatase Alcalina
Gama Glutamil Transpeptidase (GGT).
Estas substâncias / enzimas ficam dentro das células do fígado.
Seus níveis no sangue são normalmente baixos e seu aumento significa algum tipo de dano hepático.
Uréia / Creatinina
São metabólitos excretados pelo rim. Rins com função preservada devem eliminar estas substâncias adequadamente.
EAS ou Urina tipo I – Urina I é o exame de vários parâmetros da urina. Assim como o hemograma, sua análise é relativamente complexa. Faz a análise do aspecto, densidade, composição bioquímica e celularidade.
Tireóide (T3, T4 e TSH) – A tireóide é uma glândula situada à frente da laringe, e sua função é reguladora de nosso metabolismo. A quantidade de hormônio tireoideano produzido pela tireóide é regulada, por sua vez, pela glândula pituitária ou hipófise, que secreta outro hormônio, o TSH. Em condição normal, os dois hormônios mantém-se em equilíbrio: o aumento de hormônio tireoidiano inibe a liberação do TSH; a estimulação da tireóide, então, é reduzida, e menos hormônio tireoidiano é produzido; quando o nível de hormônio tireoidiano cai abaixo de certo nível, porém, TSH volta a ser liberado, estimula a tireóide, e o hormônio tireoidiano volta a subir.
PSA – A sigla PSA vem do inglês, Prostate-Specific Antigen (Antígeno Específico da Próstata). O PSA é um antígeno relacionado com o câncer de próstata, e é usado para fins de acompanhamento pós-tratamento.
EPF – Exame parasitológico de fezes para que se possa detectar a presença ou ausência de parasitoses intestinais, as quais podem se expressar por uma série de sintomas.