O QUE É?
A halitose (termo científico usado para denominar o mal hálito) tem incomodado o ser humano desde gerações ancestrais, sendo um problema de desaprovação social entre indivíduos de uma sociedade, citamos entre muitos exemplos, o antigo testamento, onde Jó (19:17) se lamenta: “O meu hálito é intolerável à minha mulher…”.
Plutarco (6-120 d.C), em sua obra “Escrevendo sobre moralidade”, diz que depois de Heron de Siracusa foi informado pelo médico sobre seu hálito, o tirano repreendeu sua mulher dizendo: “Por que não me advertiste de que meu hálito te fere a cada vez que te beijo”. Ao que ela respondeu altivamente: “Sempre pensei que o hálito de todos os homens tivessem esse terrível odor”.
Para Millôr Fernandes, escritor de nossos dias, “o maior anticoncepcional do mundo é o mal hálito” (Fernandes, 1994).
No entanto, a halitose somente se tornou uma entidade clínica, quando foi estudada e descrita por Howe em 1874.
Reconhecer o problema é relativamente simples, porém quando o mal hálito ocorre devido a alguma doença, pode produzir distintamente diferentes odores, os quais são de grande auxílio na diferenciação da etiologia se os vários fatores causais forem entendidos.
Portanto, halitose não é uma doença, mas sim uma manifestação clínica através de sinais e ou sintomas da cavidade bucal que nos mostra que alguma coisa “não anda bem” com aquela determinada pessoa. Na verdade podemos afirmar que as maiorias das causas da halitose estão na região da própria cabeça – cáries, gengivite, glossite, estomatite, aftas, amigdalite, rinite, sinusite,……, para só depois pensarmos em outras causas como as do aparelho digestivo e as sistêmicas como diabetes, cirrose e insuficiência renal crônica.
Dados mostram que cerca de 30% da população brasileira é acometida ocasionalmente ou de forma crônica pelo mau hálito, ou seja, aproximadamente 57 milhões de pessoas. “Felizmente, apenas uma pequena parcela desse contingente tem um problema de saúde mais grave por trás do mau hálito, mas é sempre importante averiguar. Também, na medida em que envelhecem, as pessoas vão ficando mais suscetíveis ao mau hálito: estudos apontam que a incidência de halitose na população brasileira é de 17% na faixa etária de zero a 12 anos, 41% de 12 a 65 anos, e 71% acima dos 65 anos de idade, devido a redução da função das glândulas salivares, causada principalmente pelo uso continuado de uma grande quantidade de medicamentos que reduzem a salivação e pelo hábito comum nessa faixa etária de baixa ingestão de líquidos. Vale lembrar que os líquidos são a matéria-prima principal para a formação de saliva de boa quantidade e qualidade e esta, por sua vez, para a manutenção de um hálito agradável.
A ABHA (Associação Brasileira de Halitose) corrobora com a nossa orientação e informa que: “Várias alterações podem causar a halitose (mau hálito), como o jejum prolongado, as dietas para emagrecimento e também os problemas de saúde importantes, como diabetes, intolerância a lactose e outras situações ainda mais graves, como o câncer, as doenças autoimunes, distúrbios renais e hepáticos, entre outros.
Por isso, é importante avisar quem está com mau hálito, para que a pessoa possa acompanhar de perto sua saúde, buscando diagnóstico precoce e tratamento adequado, de modo a evitar que certas condições piorem.
A ABHA mantém em seu site várias informações sobre o tema, indicações de profissionais de todo o Brasil habilitados para tratar de halitose, além do serviço gratuito SOS Mau Hálito – que encaminha e-mail ou carta de forma anônima, para avisar quem está com mau hálito sobre o problema, mantendo em sigilo a identidade da pessoa que solicitou o alerta, pois quem tem mau hálito muitas vezes não percebe a alteração, uma vez que quando ficamos expostos a um mesmo cheiro por algum tempo, ocorre um fenômeno fisiológico denominado a fadiga olfatória, ou seja, o nariz acostuma-se com o odor e deixa de notá-lo. Daí a importância de aviso vir de uma segunda pessoa, e como trata-se de um assunto, muitas vezes constrangedor para ambas as partes daí o serviço como o SOS.
COMO É TRATADO?
O tratamento baseia-se na identificação da causa, a qual deve seguir a mínima ordem de procura de profissionais: Dentistas, Otorrinos e Gastroenterologistas.
O dentista deve ser primeiro profissional a ser consultado nos casos hálito alterado, pois, cerca de 90% de suas causas estão na boca, de acordo com várias pesquisas. A higiene inadequada dos dentes contribui para o problema, mas, diferente do que muitos pensam, não é o principal vilão.
Outras alterações na boca que induzem à formação do mau hálito, como a descamação da mucosa bucal, o acúmulo de saburra lingual, a presença de cáseos nas amigdalas e as alterações salivares devem, neste caso, serem avaliadas pelo otorrinolaringologista.
Com a definição da causa o tratamento se torna muito facilitado e a solução do problema uma questão de tempo.