Centro Brasiliense de Cirurgia e Endoscopia

E-mail

cbce@uol.com.br

Telefone

+ 55 61 33523775

BRASIL PODE ALCANÇAR EUA EM OBESIDADE INFANTIL

As crianças e adolescentes brasileiros estão chegando perto dos americanos da sua faixa etária em índices de obesidade e, se não se cuidarem, poderão se tornar os novos gordinhos do século XXI indica um estudo inédito de pesquisadoras da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). O trabalho do Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária da Uerj analisou 260 alunos de 10 a 19 anos de uma escola pública no Rio de Janeiro e verificou que 15,6% estavam acima do peso recomendado para a sua faixa etária e 11,7% já poderiam ser consideradas obesos.

Nos Estados Unidos, 17% estão nessa situação, embora essa categoria não seja adotada. “Em uma geração, essa situação já pode estar muito parecida com a dos Estados Unidos”, afirma a médica de família Débora Teixeira, uma das autoras do estudo. “Nossos padrões alimentares copiam muito o dos americanos: muito açúcar, muito carboidrato.”

No Brasil, uma criança tem excesso de peso quando está acima do percentil 85 da curva de índice de massa corporal ideal (IMC) para a sua faixa etária; para ser considerado obeso, é preciso ultrapassar o percentil 95.

O IMC é calculado pela divisão do peso em quilos pela altura da pessoa ao quadrado. No caso de adultos, uma pessoa é considerada acima do peso quando tem um IMC acima de um número determinado. Para as crianças, foi desenvolvido um gráfico em curva com base em IMCs de crianças do mundo todo. Dessa forma, o índice é inserido em uma faixa mais flexível do que a tabela utilizada para adultos. “Se uma criança estiver no percentil 85, significa que ela está acima de 85% das crianças daquela faixa etária. Por isso, ela é considerada acima do peso.”

Nos Estados Unidos, o Centro para Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) só considera acima do peso quem estiver no percentil 95. Mas especialistas como o pediatra Mark Jacobson, da Associação Americana de Pediatria, já consideram a saúde de uma criança comprometida no percentil 85. Segundo Jacobson, se o cálculo incluísse o percentil 85, no Estado de Nova York, por exemplo, 42% das crianças já poderiam ser consideradas com “excesso de peso”.

No caso da escola de Vila Isabel analisada pela Uerj, por exemplo, crianças acima do peso e obesas somam 27,3%. Teixeira diz que o estudo da Uerj retrata uma realidade específica, de uma escola urbana freqüentada por alunos da classe C, mas indica um quadro observado com cada vez mais freqüência no País. “A gente sabe que o problema está piorando, esse estudo ajuda a gente a ter uma noção se essas pessoas vão melhorar ou não.”