Centro Brasiliense de Cirurgia e Endoscopia

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O QUE É? 

O conceito de queimadura é bastante amplo, porém, basicamente, a queimadura é uma lesão dos tecidos orgânicos em decorrência de um trauma de origem térmica, que ao atingir a pele íntegra causa alteração em um dos mais importantes elementos de proteção do organismo humano dos agentes de agressão ambiental.

Nas últimas décadas vem ocorrendo uma transição epidemiológica nos países industrializados, caracterizada pela queda acentuada da mortalidade infantil e a redução das doenças infecciosas. Nessa situação as doenças crônicas e as causas externas, entre elas a queimadura, passaram a ser responsáveis pela maioria dos óbitos.

Com relação à idade, estatística brasileira mostra que 64% das queimaduras ocorrem em crianças, havendo uma maior incidência na faixa etária de zero a dois anos.

COMO ACONTECE? 

Podem-se definir dois grupos de agentes causadores:

Agentes Físicos: 

1. Térmicos: agressão pelo frio (congelamento) ou pelo calor (sólidos, líquidos, ou gases aquecidos);

2. Radiantes; 

3. Elétricos; 

Agentes Químicos:

1. Ácidos; 

2. Álcalis;

As lesões produzidas pelo calor quer em contato direto, quer pelo calor irradiante, são as que ocorrem com maior freqüência e sua gravidade estão relacionadas com:

a. intensidade e duração da aplicação de calor, que por sua vez dependem da fonte geradora;

b. condutividade do tecido envolvido, que varia com densidade, teor de água, e outros fatores locais.

QUAIS OS SINTOMAS? 

Determinar o grau da queimadura significa determinar a profundidade do trauma térmico na pele, e desse modo as queimaduras classificam-se em três graus:

1- Queimaduras de primeiro grau: apenas a epiderme é atingida (superficial). Traduz-se visualmente por vermelhidão e inchaço. São lesões secas, muito dolorosas. A exposição prolongada à luz solar, o contato instantâneo com gases, líquidos e objetos aquecidos, são as causa comumente responsáveis por tais lesões. A cicatrização espontânea ocorre em poucos dias.

2- Queimaduras de segundo grau: a epiderme é destruída e a derme é atingida em extensão variável (mais profunda). Surgem áreas avermelhadas ou róseas, freqüentemente úmidas e há a formação de bolhas. Tais lesões são extremamente dolorosas. 

3- Queimaduras de terceiro grau: verifica-se comprometimento de toda a espessura da pele, sendo uma lesão irreversível podendo atingir estruturas mais profundamente situadas, como tecido adiposo subcutâneo, músculos e ossos, e com isso observa-se manifestações sistêmicas. Surgem áreas secas, esbranquiçadas, duras, de aspecto coriáceo. Por vezes apresentam-se carbonizadas, de coloração enegrecida, lesões típicas de queimaduras causadas pela eletricidade. 

Caracteristicamente, a sensibilidade dolorosa está muito diminuída, ou mesmo abolida, em virtude da destruição das terminações nervosas.

Quanto à extensão da queimadura é usualmente representada por uma percentagem da área da superfície corporal, sendo calculada através de métodos especiais. A extensão das lesões reflete a gravidade do caso e permite uma estimativa inicial do prognóstico. Utilizando-se qualquer dos esquemas existentes, as queimaduras classificam-se, segundo sua extensão em:

1. pequenas: a superfície atingida é menor que 10% da área corporal;

2. médias: a superfície queimada situa-se entre 10 e 20% da área corporal;

3. grandes: a superfície corporal é lesada em mais de 20% de sua área.

Queimaduras de 10 a 20% em crianças abaixo de doze anos de idade devem ser consideradas como de grande magnitude. Em se tratando de lactentes, áreas lesadas em proporções ainda menores caracterizam grandes queimaduras.

TRATAMENTO 

Avanços no tratamento do paciente queimado têm reduzido as taxas de mortalidade, com uma melhor qualidade de vida nos sobreviventes. Tal fato deve-se a uma abordagem inicial mais adequada, ao controle das infecções, e a melhor abordagem da ferida / cicatriz, principalmente em ambiente hospitalar. 

O principal objetivo do tratamento da injúria térmica é a restauração dos tecidos lesados.

Os cuidados a serem dispensados às lesões térmicas devem iniciar-se o mais breve possível, junto mesmo ao local do acidente, onde lençóis limpos embebidos em água morna, ou compressas embebidas em solução salina, recobrindo as feridas, podem livrá-las de contaminação maior. O gelo ou a água gelada são eficazes para diminuição da dor em áreas de queimaduras de segundo grau e podem ser usados com efeito analgésico se a queimadura acomete menos que 25% da superfície corporal total.  No entanto, hipotermia sistêmica deve ser evitada a todo custo. Toda e qualquer outro tipo de substância que possa ser usada com o intuito de limpeza, proteção ou cura deve ser evitada.

Havendo dúvidas quanto à capacidade do paciente em cuidar adequadamente das feridas, as bolhas deverão ser desfeitas, pelo risco de contaminação. Freqüentemente, tais manobras requerem a administração de analgésicos e sedativos, quando não a presença do anestesiologista, oferecendo maior segurança e eficiência ao tratamento, devendo então serem feitas em ambiente hospitalar com toda a assepsia.