Antiinflamatórios e aparelho digestivo

Antiinflamatórios e aparelho digestivo:

 
Os números não mentem e destacam o crescimento do consumo de antiinflamtórios, sem prescrição médica, não somente para doenças específicas, como artrite reumatóide ou osteoartrite, mas também para muitas outras, como fenômenos dolorosos em geral, incluindo dores de cabeça, gripes e cólicas menstruais.
É certo que os antiinflamatóiros chamados de não esteróides (AINES), são muito utilizados por grande parte da população, principalmente por apresentarem boa resposta contra a dor e a febre. Em todo mundo, o consumo anual cega a 40 bilhões de comprimidos à base de ácido acetilsalicílico, ex. aspirina. Somente nos Estados Unidos são consumidos pos dia cerca de 80 milhões de comprimidos de aspirina (45 toneladas).
Aproximadamente 20% dos usuários de antiinflamatórios têm algum tipo de sintoma gástrico como por exemplo, dor de estômago ou azia e em 10%, estes sintomas são tão intensos que levam a interrupção do tratamento.
 
O QUE UM AINES PODE CAUSAR DE MAL NO ORGANISMO?
O uso desses medicamentos pode proporcionar no aparelho digestivo, o aparecimento de dor epigástrica (no estômago), azia, desconforto abdominal, além de complicações como gastrite e úlcera, podendo ainda atingir esôfago, intestino delgado e cólon. Fora do aparelho digestivo ainda podem causar problemas renais e cardíacos.
No caso da úlcera péptica pode haver um aumento significativo de 3 a 5 vezes na sua incidência com o uso de AINES. Cerca de 50% das complicações da doença ocorrem silenciosamente, sendo freqüente o aparecimento de hemorragia ou perfuração, como primeiro sinal.
Alguns exemplos de AINES mais comuns: Ácido acetilsalicílico, diclofenaco (AAS), nimesulida, piroxicam, celecoxib e ibuprofeno. Antiinflamatórios como o Celecoxib e o lumiracoxib são bem menos agressivos para o aparelho digestivo, mas também apresentam algum potencial.
 
POR QUE OS AINES AGRIDEM O TUBO DIGESTIVO?
Porque além da agressão direta (contato) há uma diminuição (efeito sistêmico) de substâncias que participam da defesa da mucosa do estômago e duodeno contra agentes agressivos, denominadas prostaglandinas. São as prostaglandinas que favorecem a produção da secreção protetora do estômago (muco e bicarbonato) na mucosa gastroduodenal. Com as defesas diminuídas, o tubo digestivo fica vulnerável à ação do ácido clorídrico e da pepsina (substâncias produzidas pelo estômago para auxiliar na digestão dos alimentos), que agem agressivamente, provocando lesões como gastrite e úlcera. Por isso trata-se de um mito a idéia que se usados próximo as refeições não causarão problemas.
 
COMO TRATAR DE PACIENTES QUE TÊM ÚLCERA E TAMBÉM UMA INFLAMAÇÃO?
O ideal seria interromper o uso de AINES para o tratamento da úlcera ou mesmo da gastrite, mas nem sempre isso é possível. Na prática, se o uso deste tipo de medicamento for indispensável, pode-se continuar utilizando AINES, associados à medicamentos que diminuem a acidez gástrica e que criam uma película de proteção no seu estômago (efeito band-aid), capazes de proteger, pelo menos em parte o estômago da agressão.